Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais t. 1

número delas não ultrapassa o porte dos nossos bromos e fetucas, e, constituindo também a base dos relvados, não diferem das espécies europeias senão pelas hastes mais frequentemente ramificadas e suas folhas mais largas, outras se erguem até a altura das árvores das nossas florestas e exibem o mais gracioso dos portes. A princípio retas como lanças e terminadas em ponta aguda, não apresentam nos entre-nós mais que uma folha única semelhante a uma larga escama; esta cai; da axila nasce uma coroa de ranúnculos guarnecida de folhas verdadeiras: a haste do bambu orna-se assim, com intervalos regulares, de encantadores verticilos; curva-se e forma entre as árvores elegantes abóbadas.

São principalmente os cipós que dão às florestas suas mais pitorescas belezas; são eles que produzem os mais variados acidentes. Esses vegetais, de que as nossas madressilvas e heras só dão uma pálida ideia, pertencem, como os grandes vegetais, a uma multidão de famílias diferentes. São bignoniáceas, bauhínias, cissus, hipocrateáceas, etc., e, se todas têm necessidade de apoio, cada qual possui, entretanto, um porte que lhe é próprio. A altura prodigiosa uma aróidea parasita chamada cipó imbé cinge o tronco das mais grossas árvores; as marcas das folhas antigas que se desenham sobre o seu caule em forma de losangos, fazem-na assemelhar-se à pele de uma serpente; esse caule dá implantação a folhas largas, de um verde luzidio, e da parte inferior do tronco nascem raízes finas que descem até a terra retas como fios a prumo. A árvore que tem o nome de cipó matador apresenta o tronco tão direito como o dos nossos ulmeiros; muito pouco robusto, porém, para se suster por si, encontra arrimo numa árvore vizinha mais corpulenta; adere ao seu caule com o auxílio de raízes aéreas que,

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