Meridional não apresentam, provavelmente, menor diferença nos hábitos do que nas formas, e ofereceriam, sem dúvida, um vasto campo de observações curiosas ao naturalista que quisesse estudá-las com cuidado.
Desde a hospedaria de Bemfica a nossa caminhada se fez quase sempre por uma estrada muito estreita, e mesmo, bastante perigosa; alarga-se e torna-se muito bonita quando se desce a Serra da Viúva; segue-se então um vale assaz largo, e veem-se, de distância em distância, habitações bastante bem conservadas, em volta das quais se cultiva o milho, o café e a cana de açúcar. Em um sítio úmido, próximo de uma dessas habitações, avistei de longe imensas massas de filamentos de um belíssimo amarelo, que se poderiam tomar por novelos de fios de ouro deixados negligentemente sobre a relva: não eram mais que as hastes longas e muito delgadas de uma cuscuta à qual se atribui no Brasil, como a algumas outras espécies do mesmo gênero, propriedades miraculosas para a cura de moléstias do peito.
No terceiro dia de nossa partida do Rio de Janeiro chegamos a Pau Grande, o engenho de açúcar mais importante que vi no Brasil, excetuando talvez os do Colégio, perto de S. Salvador de Campos, construídos pelos jesuítas. Após ter percorrido uma região onde apenas de longe em longe se descobrem alguns vestígios da mão do homem, é admirável avistar de repente um edifício imenso, rodeado de vastas usinas. Todavia Pau Grande lembra menos o aspecto dos nossos castelos que o de um mosteiro. A casa do proprietário tem um andar além do rés do chão; apresenta dezesseis janelas de frente ornadas de balcões de ferro, de fabrico europeu, e, no meio do edifício, há uma grande capela ao mesmo nível que ele, mas cujo teto é totalmente distinto. O outro lado do edifício, que encosta em um morro, tem duas alas entre as quais há um pátio estreito. Como na maioria das casas portuguesas e espanholas, o andar térreo é habitado pelos