A instrução e as províncias vol. 1

NOTAS

"Amazonas — "Passamos ontem uma manhã interessante visitando uma escola para meninos índios, situada a alguma distância da cidade (Manaus). Fomos surpreendidos da aptidão que estas crianças manifestam pelas artes da civilização as quais os nossos índios da América do Norte são tão pouco hábeis. É preciso notar que temos ante os olhos no solo mesmo em que sua raça viveu, os herdeiros diretos dos povos que fundaram antigas cidades do Perú e do México, incomparavelmente superiores a não importa que organização social que se tenha podido encontrar o traço entre as tribos do Norte. Em uma grande oficina do torno e marcenaria, vimos estes índios fabricar peças elegantes de marcenaria, cadeiras, mesas, aparadores e número de pequenos artigos como régua e espátulas. Em outra oficina eles trabalhavam em ferro; adiante, teciam delicados objetos de palha. Além destes ofícios ensinam-lhes a leitura, escrita, o cálculo e a música instrumental; como os negros do Sul eles têm uma natural aptidão para esta arte. Um corpo da casa principal contém as salas da escola, os dormitórios, os armazéns, a cosinha, etc. Chegada a hora de almoço, tivemos o prazer de ver servir a estas pobres crianças uma excelente refeição composta de uma tigela do café e um grande pedaço de pão com manteiga. Que contraste quando se compara a expressão de todas estas jovens figuras reunidas com os fisionomias do primeiro bando vindo do negrinhos. Estes últimos sempre alegres e despreocupados; os outros reservados, inquietos, quase sombrios. Entretanto o olhar é inteligente, e nos afirmaram que os índios de pura raça eram ainda melhor dotados que os indivíduos de sangue misturado. A escola era mantida pela província, mas a dotação do estabelecimento é pequena, e o número de alunos mui pouco numeroso. Teríamos tido melhor impressão da escola, se não nos tivessem informado que este orfanato recolhe muitas vezes, sob pretexto de instrução a receber, pobres criaturas que têm ainda pai e mãe o que foram arrebatados das tribos selvagens. Um quarto sombrio com grossos fios de ferro, muito semelhate a uma gaiola de um animal feroz, deu-se ainda esta triste opinião. Indaguei sobre o que havia de verdade sobre o caso, e responderam-me que algumas vezes aconteceu tal cousa, e somente para arrancar a crença a uma condição selvagem e degradada; a civilização, mesmo imposta pela força, ora preferível à barbaria. Mas tive dúvida que uma violência qualquer, mesmo imposta por Deus, possua a sabedoria e o amor em um tão alto grau para exercer sem perigo esta caridade pela violência..." (Agassiz. Voyage au Bresil — 5 septembre 1865).