Não são escolas de a b c, como as atuais, que recomendamos às Províncias. O sistema que imaginamos é mais vasto. É ensino primário completo como nos Estados Unidos, único suficiente para dar aos filhos do povo uma educação que a todos permita abraçar qualquer profissão, e que prepare para os altos estudos científicos, aqueles que puderem frequentá-las... É o caso das escolas comuns e escolas livres que abraçam o ensino primário do todos os graus... Dispam-se dos prejuízos europeus os reformadores brasileiros: imitemos a América. A escola moderna, a escola sem espírito de seita, a escola comum, a escola mista, a escola livre, é a obra original da democracia do Novo-Mundo. Não esqueçamos que "o ensino primário tem sido até hoje dado em sentido antiagrícola, e que é preciso ajuntar-lhe noções sumárias de lavoura e horticultura, elementos de nivelamento e agrimensura, princípios de química agrícola e de história natural, e, para as meninas, lições de economia. doméstica." São conceitos de Leoncio Lavergne. Das escolas profissionais são as agrícolas as de que mais precisamos. Há muito, devera o governo central fundá-las em quatro, pelo menos, das províncias; Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas, aproveitando nesta o ensaio começado pela Companhia União e Indústria. O governo imperial poderia também promover o estabelecimento de tais escolasem cada uma das outras Províncias, contribuindo, da sua parte, com a despesa de engajameuto (na Europa ou nos Estados Unidos) de professores competentes o seus ordenados, com fornecimento do material preciso, a compra de terrenos e a construção das casas. Fizesse cada Província o custeio anual, pouco oneroso aliás. Em compensação o governo central deverá obter de cada uma delas a consagração da seguinte regra, eficaz para assegurar a frequência dos novos institutos: o curso da escola agrícola será requisito indispensável para os candidatos aos empregos provinciais de ordenado superior a 800$000, por exemplo. É bem estranho que a província do Rio de Janeiro, cuja renda se aproxima de quatro mil contos, não possua uma aula ao menos dedicada à lavoura quando devera ter um estabelecimonto normal desse gênero.
Não menos útil e urgente parecem as escolas de minas. Tudo nos falta. Ao invés das tendências do século o que possuímos são escolas de a b c, e estas mesmas raríssimas, sem edifícios próprios e sem utensílios, e, pior, sem mestres idôneos; e fora disso algumas aulas do latim. Estudos clássicos, estudo de línguas mortas, não é o que necessitamos...
Para manterem-se escolas normais deveriam as Províncias mais vizinhas entender-se, associando-se por grupos, o que lhes fora muito mais proveitoso que a ação isolada de cada uma... Estamos de tal forma convencidos de que não há salvação para o Brasil fora da instrução na maior escala o com mais vigor, que para certos fins aceitaríamos também o concurso do próprio governo central, ao menos em favor das menores Províncias e durante o período dos primeiros ensaios. Assim, para se criarem verdadeiras escolas normais, instituições cuja utilidade depende de subvenções generosas, fora bem cabido um auxílio do Estado, cuja missão alias é propriamente reerguer ou antes fundar os estudos superiores. (A Província. 1870. Páginas 227 e 254).