Prefácio
As "memórias" de Felix Cavalcanti de Albuquerque Mello, meu bisavô por parte de mãe (que aparecem agora com longa e sugestiva Introdução escrita pelo meu primo Gilberto de Mello Freyre), há muito que viviam escondidas em casa dos seus descendentes mais próximos.
Tão escondidas que somente há poucos anos vim a saber da sua existência. E quem me revelou foi Iaiá ou Dinda Iaiá (Maria Cavalcanti de Albuquerque), minha tia-avó e o último filho vivo do velho Felix.
Dinda Iaiá sempre me quis um grande bem: quando eu era pequeno me contava histórias da carochinha e dos santos, sobretudo as de Santo Antonio.
Das histórias da carochinha e dos santos, passei a ouvir dela histórias de verdade, coisas da história de Pernambuco e da Guerra do Paraguai, a história íntima do Recife, reminiscências de Papai-outro — como era chamado o velho Felix na intimidade da família, da qual se tornara o decano.
Infelizmente as memórias que agora público, de acordo com Dinda Iaiá, são incompletas, como lamenta Gilberto Freyre na Introdução. Mas não por culpa de Papai-outro, que — lembra sua filha ainda viva — fez apontamentos sobre muita coisa em cadernos menores que se extraviaram depois de sua morte.