Introdução
Desde pequeno me habituei ao nome de Papai-outro, citado tantas vezes nas conversas de família. Papai-outro contava isso da cheia de 56; Papai-outro contava aquilo do mata-mata-marinheiro; Papai-outro tinha visto um moleque cair do alto da torre da Igreja do Carmo sobre a praça cheia de gente, esmagando duas velhas; Papai-outro sabia de cor livros inteiros, poesias que ouvira recitar uma só vez.
Um dia quis conhecer o extraordinário Papai-outro; soube que tinha morrido há anos e que se chamara Felix. Continuei a ouvir histórias do velho desconhecido que minha meninice imaginava de barba mais branca que a de qualquer dos meus tios-avós e de unhas mais compridas do que as da minha tia-avó Sinhá, sua filha Lisbella,.
Só há cinco ou seis anos aquela figura vaga de parente velho se avivou diante de mim: li então, junto com outros papéis velhos da família, seu "Livro de assentos" — um vasto caderno guardado com carinho por sua filha Maria Cavalcanti de Albuquerque Mello (Iaiá).
É esse caderno que o bisneto do velho Felix e meu primo Diogo de Mello Menezes vai publicar agora, tendo escolhido, para essa publicação, os trechos mais característicos, conservado o registro dos fatos miúdos