a peste bubônica, a febre amarela, a colerina, se instalaram, com os mal-assombrados e as almas do outro-mundo, nos sobrados velhos do Recife, por trás de suas janelas mouriscas, no escuro de suas camarinhas, nos seus buracos de ratos, nas águas podres dos pântanos dos sítios e dos fundos de quintal, à espera das famílias que viviam mudando de casa, peregrinando de um bairro a outro em busca de melhor saúde ou de melhores ares, mas às vezes indo-se contaminar de doenças mais sérias do que aquelas de que fugiam.
A tuberculose comia centenas de pulmões por ano. De preferência pulmões de moças solteiras, de adolescentes pálidos, de iaiás franzinas. Em 1849 um grande médico do Recife, o Dr. Aquino Fonseca, escrevia, alarmado, que a tuberculose estava aumentando na cidade; e uma das causas desse aumento lhe parecia o desleixo dos proprietários de casas que já não fechavam por um ano pelo menos a casa onde morrera tuberculoso; já não rebocavam as paredes e pintavam as madeiras da casa contaminada; nem levavam as fechaduras ao fogo; nem as famílias queimavam e lançavam ao rio toda a mobília, roupa e mais cousas do uso do tuberculoso. Além de que o Recife estava ficando sem árvores, as casas sem quintais.
Num lançamento do seu "livro de assentos", Papai-outro se refere ao número de casas no Recife em 1847: térreas, 7.165, de um andar, 798, de dois andares, 465 de três andares, 258, de quatro andares, 29. Poucas as de cinco ou seis andares. Total 8.875. Ele poderia ter acrescentado, no fim do livro, que tinha morado em 24