Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901

morgados do Cabo ao espírito democrático do Recife e ao abolicionismo radical que nos fins do século XIX se generalizou entre a gente mais instruída das cidades brasileiras.

É curioso mas não há no caderno do velho Felix uma nota de admiração pela figura de Joaquim Nabuco — o Paes Barretto de Massangana que, democratizando-se, aristocratizou as causas populares que defendeu um tanto teatralmente das varandas dos sobrados do Recife e do palco do Santa Isabel. Felix Cavalcanti de Albuquerque Mello finge não ver o vulto, não ouvir a voz, não escutar os triunfos daquele que tendo também nascido fidalgo desertou para as fileiras liberais e até populistas.

O antigo Cavalcanti de Jundiá chegou à velhice sem nunca ter sido de nenhum partido político. Na política pernambucana da primeira metade do século XIX, nem foi Cavalcanti, nem cavalgado. Seguiu com admiração o governo de Francisco do Rego Barros; mas sem fechar os olhos às fraquezas do Barão e depois Conde de Boa Vista, e aos excessos de sua parentela: Regos Barros e Cavalcantis insolentes ou sôfregos de vantagens, alguns dos quais denunciados com tanto ardor panfletário pelo Padre-mestre Miguel do Sacramento Lopes Gama como "contrabandistas", "ladrões de negros" e até "assassinos".

Felix Cavalcanti não incorreu na denúncia do padre; não foi daqueles que "não tendo com ela (a família Cavalcanti) parentesco, ou tendo-o já muito remoto, e nunca até então dando-se por tal começaram

Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901 - Página 31 - Thumb Visualização
Formato
Texto