Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901

Barros, Albuquerques, Mellos, Wanderleys, Paes Barrettos. Era decerto a isso que o Padre Lopes Gama chamava com alguma verdade e muita retórica, "o gótico castelo Rego Barros — Cavalcanti": espécie de Bastilha que foi preciso a Revolta Praieira para demolir.

Felix Cavalcanti foi entusiasta — repita-se — da administração do seu ilustre parente Francisco do Rego Barros; mas não da oligarquia Rego Barros — Cavalcanti. No seu diário, em nota sobre o mata-mata-marinheiro e no lançamento da morte do Conde — onde registra com grande candura ter o ex-presidente recebido do comércio do Recife o modesto presente de um palacete — ele se revela sempre contrário aos abusos que Cavalcantis e Rego Barros cometeram durante o governo daquele político "amante do Progresso de sua Pátria" mas, ao que parece, amante também do progresso de sua família. Pelo menos demasiado condescendente com ela.

Daí as violências contra Cavalcantis e outros aristocratas de engenho praticadas por Chichorro da Gama quando a presidência da Província passou dos oligarcas para os "liberais", seus adversários terríveis. Daí a grita dos panfletários contra a família Cavalcanti, grita a que Nabuco de Araujo, na sua Justa Apreciação do Predomínio Praieiro opôs em 1847 argumentos refletidos embora nem todos persuasivos: que a influência da família Cavalcanti não era um fato de 1835, mas datava de tempos remotos; que essa influência não era obra do poder ou da revolução, mas procedia da "natureza das coisas"; que era a influência

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