Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901

o apelido de Cavalcanti", nem Guido nem Bartholomeu Cavalcanti — ambos literatos, nada mais que literatos — tendo tido foros de nobreza. E depois de discutir longamente o caso da "conspiração contra Cosme de Medicis" e o "erro em que caiu involuntária ou voluntariamente" Borges da Fonseca: "Os Srs. Cavalcantis não satisfeitos com quererem passar por aquilo que não são, isto é, por fidalgos de uma das maiores e das mais nobres casas de Florença ainda se agarram com unhas e dentes aos Albuquerques..."; "mas ninguém ignora que Jeronymo d'Albuquerque tendo vivido desonestamente com a cabocla filha do Cacique d'Olinda Arco Verde, tão desonestamente que a Rainha de Portugal mandou que ele, para que o escândalo cessasse, se casasse com a filha de Christovão de Mello (de cujo apelido tiraram alguns a nobreza), teve dessa cabocla, além de outros muitos filhos, uma filha de nome Catharina, que casou com Felippe Cavalcanti". De modo que para usarem as armas dos Albuquerques — armas a que os Albuquerques Mellos tinham direito, por ter sido Jeronymo de Albuquerque fidalgo e se haver casado, por ordem da Rainha, com a filha de Christovão de Mello, também fidalgo — os Cavalcantis estavam na obrigação, dentro da heráldica, de apresentar "no escudo o sinal de bastardia".

Considerando fracassados os Cavalcantis nas suas pretenções a nobres, por falta de documentação idônea, o Padre Lopes Gama queria que também os Wanderleys provassem que "eram fidalgos de alguma casa de Holanda". Não lhe satisfaziam as evidências de nobreza,

Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901 - Página 38 - Thumb Visualização
Formato
Texto