Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901

do Abolicionismo, depois contra a República. Preconceitos que repontam mais de uma vez do seu "Livro de Assentos".

Teve suas simpatias pessoais por chefes "Praieiros" e Liberais e até por agitadores republicanos como Borges da Fonseca: soube, já velho, prestar suas homenagens à ilustre figura de agitador caracteristicamente recifense que foi José Maria de Albuquerque Mello. Mas sem prejuízo do gosto de ordem e do sentimento de hierarquia que o inclinaram sempre para a Monarquia e para os homens de Estado da índole conservadora do Visconde do Rio Branco — seu grande ídolo político — e, na política provinciana, do Barão do Boa Vista.

Se desejou que Pernambuco se levantasse contra Barbosa Lima é que Barbosa Lima era para ele a República e a República dos homens de 89 não só lhe parecia a negação dos princípios de ordem e de hierarquia como se apresentava aos seus olhos saudosos do Imperador e da Monarquia como uma aventura que quanto mais cedo gorasse, melhor. Tivesse vivido mais tempo e talvez se houvesse reconciliado, por espírito ou gosto de ordem, com a República de Campos Salles e de Rodrigues Alves. Prudente de Moraes sente-se que já não lhe era tão antipático quanto o marechal Floriano; e não chegou a entusiasmar-se pela aventura monarquista de Saldanha da Gama.

O que aquele seu espírito ou gosto de ordem repelia de modo absoluto era a política, rasgadamente popularista e delirantemente liberal de José Marianno, compadre

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