era o que não levasse oração fechando-lhe o corpo às balas da polícia e às facas dos outros cabras. Às vezes ostentavam tatuagens no peito, no braço ou noutras partes do corpo: corações, signo salmão, âncoras, sereias e nomes de mulheres. Quase todos gostavam de sua branquinha ou aguardente de cana; de seu violão; de ostentar seu dente de ouro; e todos tinham nomes de guerra pitorescos: Canhoto, Sabe-tudo, Bode-Ioiô, Pé-de-pilão, Rabo-de-arraia, Bentinho do Lucas, Nascimento Grande.
Nascimento Grande foi o último grande capoeira do Recife: morreu há três ou quatro anos, já velho e doente, no Rio de Janeiro, num sítio de Jacarepaguá onde o acolhera José Marianno Filho. Passara da Monarquia à República; eu próprio ainda o vi seguindo como guarda-costas o carro triunfante — carro aberto, a capota arriada — 'em que o General Dantas Barreto, duro, pequeno e de pincenê; entrou em 1912 no Recife ao som da "Vassourinha":
"Salvai, salvai, querido general" !
Bem interessantes são os argumentos de Felix Cavalcanti — inimigo de toda essa política de rua — a favor da monarquia, causa a que se conservou fiel até à morte. Se é original aquele seu "quem nos garante que o Brasil se torne uma Suíça grande e não uma outra Venezuela", me parece das melhores coisas que se têm dito ou escrito a propósito da mudança do regímen no Brasil em consequência do pronunciamento de 15 de novembro de 1889. Afinal, a Monarquia não caiu no Brasil como "o defunto sem choro" a que se referiu