Memórias de um Cavalcanti: 1821 - 1901

viam o monarca de modo tão diverso: Ottoni de perto e talvez com algum ressentimento a aguçar-lhe a crítica inteligente. Felix de longe e com entusiasmo um tanto romântico, mas sem motivo nenhum para ressentimento pessoal ou político. Para Felix não se podia desejar melhor imperador que Pedro II; nem melhor regímen para o Brasil que a monarquia. Ottoni discriminava, fazia o balanço de qualidades e defeitos do monarca, namorava com a república. Nesse balanço, \"o ativo em seu favor (de Dom Pedro II) é importante: \"1°- a sua infatigabilidade, e o interesse que sempre mostrou pelo desenvolvimento da riqueza pública\", 2°- \"a sua clemência\", 3° - \"a sua iniciativa para a libertação dos escravos\". E animado de uma pretensão que o pobre do Felix, memorialista provinciano, nunca teve, isto é, de fazer suas \"memórias íntimas\" influirem nos julgamentos da História com H maiúsculo: \"mas o seu passivo foi a péssima direção dada à política, e foi o que o perdeu, a sua dinastia, e a instituição monárquica, desacreditando ao mesmo tempo o regímen parlamentar. Este processo a História há de fazer-lho; é seu direito contra todos os reis; e eu pretendo auxiliar a História\". Depois de censurar em Dom Pedro II a preocupação de anular partidos e grandes homens \"para fazer sobrenadar a vontade imperial\" recordava Ottoni a frase célebre de Eusebio de Queiroz: \"Quem foi Ministro do Sr. D. Pedro II é preciso que não tenha vergonha para sê-lo segunda vez\".

São muitos os pecados de omissão no \"livro de assentos\" de Felix Cavalcanti — a que aliás faltam, segundo

[link=27284]Fotografia: Pedro Affonso Ferreira[link]
[link=27285]Fotografia: Audifax de Albuquerque Mello (Ioiozinho), aos 14 anos de idade[link]

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