Farias Brito; o homem e a obra

... Se não tivesse optado pelos sinceirais da filosofia, Farias Brito poderia ter emparelhado com os maiores oradores da tribuna forense. As suas faculdades oratórias eram realmente peregrinas. Vê-lo acusar ou defender um réu numa sessão de júri, era reconhecer ser essa talvez a arena dos seus mais insignes triunfos. E teve-os realmente ruidosos e inolvidáveis. Era ao mesmo tempo dialético, contundente, imaginoso e fulgurante.

Rio, 8-4-39.

GRACCHO CARDOSO

... Conheci o grande pensador cearense em meados de 1914, por intermédio de Jackson de Figueiredo, que m'o apresentara na Livraria Garnier... Ali, ou no saguão do Jornal do Comércio e em outros locais, em fortuitos encontros, era-me dado o prazer de alguns instantes de palestra com o eminente filósofo. A sua casa fui duas ou três vezes em companhia do jovem crítico de "Algumas reflexões sobre a filosofia de Farias Brito"...

... No trato pessoal era Farias Brito de uma simplicidade encantadora. Sua palavra pausada e precisa, sublinhada por um leve sorriso em que se estereotipava a infinita bondade de sua alma. Imperturbável a serenidade do filósofo, já nos longos anos transcorridos ante a geral indiferença manifestada em relação a seus princípios doutrinários, já sob as agruras de clamorosas injustiças sofridas em sua vida pública.

... Sua palavra e seu exemplo contribuíram de modo preponderante para a firme orientação de meu pensamento no sentido da espiritualidade; o que constitui motivo de fervoroso culto por mim votado a sua imperecível memória.

Rio, Janeiro do 1939.

ARNALDO DAMASCENO VIEIRA

Farias Brito; o homem e a obra - Página 336 - Thumb Visualização
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