Conheci Farias Brito em Fortaleza, quando ele estava a concluir o curso preparatório para matrícula na Faculdade de Direito do Recife. Já entre os rapazes dessa época, no círculo estreito dos estudantes cearenses, ganhara a justa fama de ser o mais inteligente e o mais aplicado aluno do Liceu. Nenhuns dos colegas pensava em disputar-lhe essa superioridade que lhe conferira o sólido preparo com que ele sempre se apresentava perante as bancas examinadoras.
... Os colegas se aproximavam de Farias Brito cedendo à suave atração de sua bondade, de suas maneiras e sobretudo de sua modéstia; ele nunca se supunha superior a nenhum deles e a seus altos méritos nunca aludia. Daí a estima geral que o acolhia por toda parte...
Rio, 1939.
(Dr.) CRUZ ABREU
Conheci Farias Brito desde que chegou ao Rio de Janeiro e mantivemos desde logo amistosas relações, não obstante divergências em assuntos filosóficos, tal era a simpatia que ele irradiava e o valor mental que apresentava.
Palestrávamos diariamente na livraria Garnier e a sua prosa calma, um tanto tímida, sobremaneira me agradava. Estava ele preocupado em continuar seus trabalhos de filosofia, aumentando e precisando mais a sua obra, que já era de valia. Falando baixo, calmamente, expondo com precisão as ideias que trabalhavam sua grande inteligência, Farias Brito se impunha aos que o ouviam, tal a firmeza de convicção e segurança de conceitos que encantava com ele trocar opiniões, sempre com a mais requintada gentileza. Éramos inteiramente antagônicos em filosofia, o que não impedia o deleite nessas contendas, deleite provindo do modo por que discutíamos. Farias Brito era irredutivelmente espiritualista e toda a sua obra orientada neste sentido pelo qual eram estudados o Homem e o Mundo.