A essas discussões juntavam-se Rocha Pombo, meio místico, alma boníssima; Jackson de Figueiredo, católico combatente e o maior amigo do filósofo do Mundo Interior. Vezes por outras alguns intelectuais se reuniam ao grupo, todos dos mais variados matizes mentais, e a palestra tomava um sabor espiritual de alta monta... Farias Brito por vezes emudecia e ouvia com olhar terno os conceitos arrojados dos adversários a cujo talento prestava homenagem.
Quem por acaso entrasse e assistisse aos debates, ouviria a palestra mansa e apostólica de Rocha Pombo, o ardor de Jackson e a dialética de Farias Brito e ia-se deixando ficar atento àquele choque de opiniões, todas bem e belamente defendidas. Foi assim que fiz com Farias Brito relações de forte estima, estima que já tinha pelo Jackson e pelo Rocha Pombo.
... Eis senão quando Farias me comunica que vai entrar no concurso que se abrira no Colégio Pedro II para provimento da cadeira de Lógica...
... Sabendo do habitual ardor dos debates em tais prélios e considerando Farias Brito assaz tímido para enfrentá-los, dado o seu modo retraído, julguei-me obrigado a adverti-lo sobre a maneira por que a discussão era habitualmente conduzida. Farias Brito agradeceu e sorriu com aquele sorriso doce que lhe era de feitio. Inicia-se o concurso e qual não foi a minha surpresa vendo a energia com que o candidato, dentro da mais estrita urbanidade, soube agir no momento! Tal admiração avolumou-se com a revelação dos dotes oratórios de Farias Brito, que eu julgava um tímido e que se patenteou um belo orador.
Como as aparências iludem!
Rio, 1939.
PEDRO DO COUTTO