A sedutora miragem amodorrava o nordestino. E não poderia haver mais bela miragem para o homem sofredor, enfermo, pobre e escravizado.
Mas ao primeiro contato com a selva, a decepção econômica era contundente como uma ponta de aço. A terra livre era um feudo.
Não era em vão que se metia a mão nas pepitas da Califórnia. A terra subornava, o senhor oprimia. Em vez da divisão, o latifúndio. Em vez do reino popular, o reino dos proprietários. Até que, chefiados por estes, "brabos" e "cabras" fizeram uma revolução, levantaram a bandeira da independência do Acre e ganharam a guerra. No balanço dos mortos verificava-se que os bolivianos haviam perdido algumas centenas de homens com a resistência, enquanto que, além dos recrutas sacrificados com a ofensiva armada, o Brasil perdia, ainda, cem mil sertanejos devorados pelas febres. E este foi exatamente o preço da conquista ocidental durante vinte anos.
Depois da luta de libertação a história vai encontrar novamente decepcionado o velho sofredor cearense.
Antes, era o fuzil boliviano, o chumbo da tributação boliviana, as ameaças bolivianas, o "Território das Colônias".
Depois: o fuzil brasileiro, o chumbo da tributação brasileira, as ameaças brasileiras, e sobre o revolucionário "Estado Independente", com foros de República e pronunciamentos populares, o "Território Federal do Acre" e a ocupação militar.
Só o nordestino podia resistir no Acre. Porque só o nordestino trazia têmpera de cacto.
Julgava que seria o colono. Mas o colono bem-vindo, de movimentos livres e recompensas agradecidas.