De qualquer forma passava a ser uma necessidade o agrupamento familiar. Paralelamente à era do seringueiro, surgia, ainda que muito imprecisamente, uma camada humana que se preparava para enfrentar, um dia, a derrocada da seringa, com a era do lavrador patriarcal. Poder contemporizar-se com a lavoura no intervalo das safras já seria um passo econômico que, ainda que fosse essencialmente doméstico, não deixaria de ser anotado como a primeira manifestação de assimilação da terra pelo homem. Em lugar de acampamentos surgiriam cidades. O tipo acreano começaria a ser caldeado, modelado, fundido. As primeiras casas, em roçados próprios, exprimiriam a deliberação do colono em perpetuar-se, lançar raízes, e, mais tarde, mudar o deserto em Estado.
O californiano do nordeste chegara ao Acre em carne viva. Agora, a sua nova crosta já era tão dura e tão forte quanto a sua predestinação.
O Acre não seria cearense. Mas o cearense seria acreano.
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A vida florestal extrativa do Brasil foi uma etapa econômica que se poderia chamar de \"economia do bugre manso\". Porque o índio foi o primeiro trabalhador do pau de tinta e da madeira de lei, no mesmo instante em que as florestas davam, também, macacos e papagaios.
Daí por diante, conforme essa forma econômica recuava para o centro ou para o interior dos rios menores, todo o processo de produção florestal passou a ter cheiro de índio.