A conquista do deserto ocidental: subsídios para a história do território do Acre

entre índios e civilizados: a seringa. O bugre é ainda o primeiro trabalhador deste ciclo, como o fora do pau de tinta. Toda a Amazônia passou a viver da borracha, isto é, uma fortuna que lhe vinha, mais uma vez, das mãos gentílicas. Os civilizados entraram a tomar os caminhos dos índios, no rumo das estradas gomeiras. Os mansos ficavam a serviço do invasor. Os rebeldes transpunham outros rios e afundavam-se em florestas inacessíveis. Pareciam ter um conceito mais apurado de liberdade que os índios caucheiros da Bolívia e do Peru. Todas as tribos que abandonaram o regime florestal extrativo, e o de caça e pesca, trocando-os pelo de plantação como norma de acesso a um plano mais civilizado, entraram em decadência ou desapareceram.

Não nos referimos às tribos que alcançaram o patriarcado da lavoura por evolução natural, mas àquelas que o receberam das mãos dos civilizados já não só com os instrumentos mas com a moral da civilização.

O bugre perdendo o instinto da sua economia era absorvido pelo "complexo moral" do novo patriarcado. Perdia, com o instinto da liberdade, a sua moral de resistência. Desaparecia o sentido da unificação gentílica durante séculos conseguida pela família consanguínea das "gens" e pela aglutinação destas em lanços ou ranchos, destes em tribos e destas em nações. Resistiram e resistem ainda os que se conservam resolutamente florestais. Os outros que ainda vivem lavrando e criando ou em comércio de troca com os civilizados perderam o penacho da unificação, suas malocas transformaram-se em povoados. Passaram a ser simplesmente "os índios pacificados". Os seus

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