A conquista do deserto ocidental: subsídios para a história do território do Acre

rituais de guerra passaram a ser feitiçarias. E os pajés perderam, duma vez, todo o seu prestígio perante as tribos.

Contudo, o que aqui cabe observar, é que, mesmo se acabando, os índios mantêm, por todos os lugares da Amazônia, o seu inapagável sinal. Porque a sua forma de economia ainda permanece, impondo entre os civilizados uma constante luta entre o instinto secular e a moral adventícia.

Para guardar as últimas tradições do índio brasileiro, a Amazônia revestiu-se de três peculiaridades, no confronto com o resto do Brasil: uma geografia especial; um tipo humano especial; uma economia especial. No resto do Brasil nem uma bacia como a do Amazonas; nem um tipo como o caboclo; nem uma outra economia de castanha e seringa. O "habitat", a economia e o homem, distinguindo-se, identificam-se. O homem igual à sua economia. Economia igual ao seu "habitat". Região de florestas portentosamente férteis, economia, portentosamente florestal. E entre o "habitat" e a forma de sustentação, um homens cor de argila; cabelos negros de sombra; olhos oblíquos, cansados de claridade; mãos fortes, de pau; dedos rijos como cipós; tórax grosso de derrubador de matas; pés resistentes como troncos; ombros curvados de atravessador de rios. Um homem só instinto: na fala mansa, de quem mais se acostumou a ouvir que a falar; na capacidade de resistir solitariamente, porque no mato ou no rio nem um segredo há para ele; nos gestos nunca precipitados, porque nunca se antecipa aos fatos e corre sempre paralelamente a eles; na ação pronta, porque a floresta obrigou-o a manter um instinto permanente de autodefesa; na vigilância sagaz, de quem, por

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