de volta, todo o ciclo da cana de açúcar, da mineração, do comércio de escravos, e o das especiarias, quanto à fase da civilização; o da olaria, do pau de tinta, do milho e o da caça e pesca, quanto aos selvícolas.
A cada ciclo econômico transformador do nível da vida corresponde sempre uma alteração de místicas e um reajustamento dos complexos morais.
Vemos os índios caçadores tirando a origem do mundo dos bichos e das plantas. Vemos os índios pescadores, das regiões encachoeiradas, tirando a mesma origem das pedras.
Para os selvagens praieiros a Noite saiu dum caroço de tucumã. Para os tapajônios (rio Tapajós) ela saiu das pedras e o céu é uma grande pedra polida. Mas os caçadores e pescadores confundem-se, porque a caça e a pesca formam uma única economia. Campos, morros e rios, geralmente têm nome de bichos. Da pedra de Urubuquara, no Uapês, saíram os povoadores do mundo. Essa pedra tem dois buracos: dum saíram os bons, doutro os maus.
Na época de caça e pesca surgiram os deuses tutelares da floresta e da caça. O Curupira defendendo os bichos contra os homens, mas naturalmente contra os homens estranhos à tribo que ele servia. Também fazia com que o estrangeiro se perdesse nos caminhos florestais e depois de grandes voltas tornasse ao mesmo lugar, assim como se andasse sobre um caminho circular. O Mapinguari, com um olho na testa, alumiando, de noite, as estradas. O Boto passou a ser o unificador entre as famílias dos rios e as famílias humanas das florestas. Transformando-se em homem e fecundando