Não nos arreceemos de afirmar que no presente livro essas profecias e observações assumem proporções bem maiores que nos outros livros de viagem, fato explicável por ter sido o roteiro do Rio Grande o último feito pelo autor, pois daí apenas foi Saint-Hilaire a Minas e a São Paulo (pela segunda vez), províncias dele conhecidas.
O desenvolvimento da enologia no Rio Grande do Sul foi previsto por Saint-Hilaire em 1821, quando um ou outro "curioso" fabricava uma bebida somente apetecível aos negros e classes menos favorecidas da fortuna, porque era preferível um vinho ordinário à cachaça. Naquela ocasião aconselhava Saint-Hilaire, ao governo, o incremento da viticultura não só na capitania do Rio Grande, mas ainda em Goiás, no distrito Diamantino e na comarca de Sabará (Minas). Seria demais, ainda hoje, insistir nessa sugestão?
Também a possibilidade do florescimento de Porto Alegre, atual "metrópole sulina" foi fato que não passou despercebido ao botânico francês, e hoje, que tantos acontecimentos mudaram o cenário político brasileiro, vem a talho relembrar as sábias palavras de Saint-Hilaire, em seus diários de 28 de janeiro e 20 de junho:
"...O temor de retornar ao domínio português levará os brasileiros à revolta, ou ao menos servirá de pretexto para isso. E, como a obediência que as diversas províncias do Brasil prestam ao soberano é o único laço que as une, é evidente que elas se separarão quando tal laço deixar de existir. Sem falar do Pará e de Pernambuco, a capitania de Minas e a do Rio Grande, já menos distanciadas, diferem mais entre si que a França da Inglaterra. Como poderão os habitantes, abandonados a si próprios, entenderem-se e cooperar para a formação de um Estado único? Não se pretenda citar o exemplo dos Estados Unidos, onde sectários entusiastas não são para comparar