costa do Brasil, donde se as outras capitanias proveram de canas-de-açúcar para plantarem, e de vacas para criarem, e inda agora floresce e tem em si um honrado mosteiro de padres da Companhia, e alguns engenhos de açúcar, como fica dito. Com o gentio teve Martim Afonso pouco trabalho, por ser pouco belicoso e fácil de contentar, e como fez pazes com ele, e acabou de fortificar a vila de São Vicente e a da Conceição, se embarcou em certos navios que tinha, e foi correndo a costa descobrindo-a, e os rios dela até chegar ao Rio da Prata, pelo qual navegou muitos dias com muito trabalho, aonde perdeu alguns dos navios pelos baixos do mesmo rio, em que se lhe afogou alguma gente, donde se tornou a recolher para a capitania que acabou de fortificar como pôde. E deixando nela quem a governasse e defendesse, se veio para Portugal, chamado de S. Alteza, que se houve por servido dele naquelas partes, e o mandou para as da Índia. E depois de a governar se veio para estes reinos que também ajudou a governar com El-Rei D. João, que o fez do seu conselho de Estado; e o mesmo fez reinando El-Rei D. Sebastião, no tempo que governava a Rainha D. Catharina sua avó e depois o cardeal D. Henrique, para o que tinha todas as partes convenientes. Nestes felices anos de Martim Afonso favoreceu muito esta sua capitania com navios e gente que a ele mandava, e deu ordem com que mercadores poderosos fossem e mandassem a ela fazer engenhos de açúcar e grandes fazendas, como tem até hoje em dia, do que já fizemos menção.
Tem este Rio de São Vicente grande comodidade para se fortificar e defender, ao que é necessário acudir com brevidade, por ser mui importante esta fortificação ao serviço de S. Majestade , porque, se se apoderarem dela os inimigos, serão maus de lançar fora, pelo cômodo