lhe dão uma fervura no fogo; e tambem há já nesta terra algumas oliveiras que dão fruto, e muitas rosas, e os marmelos são tantos, que os fazem de conserva, e tanta marmelada que a levam a vender por as outras capitanias. E não há duvida se não que há nestas capitanias outra fruta melhor que é prata, o que se não acaba de descobrir, por não ir à terra quem a saiba tirar das minas e fundir.
CAPÍTULO LXIII: Que trata de quem são os goianazes, e de seus costumes.
Já fica dito como os tamoios são fronteiros de outro gentio, que se chamam os goianazes, os quais têm sua demarcação ao longo da costa por Angra dos Reis, e daí até o rio de Cananéia, onde ficam vizinhando com outra casta de gentios, que se chama os carijós. Estes goianazes têm continuamente guerra com os tamoios de uma banda, e com os carijós da outra, e matam-se uns aos outros cruelmente; não são os goianazes maliciosos, nem refalsados, antes simples e bem acondicionados, e facílimos de crer em qualquer cousa. É gente de pouco trabalho, muito molar, não usam entre si lavoura, vivem de caça que matam e peixe que tomam nos rios, e das frutas silvestres que o mato dá; são grandes flecheiros e inimigos de carne humana. Não matam aos que cativam, mas aceitam-nos por seus escravos; se encontram com gente branca, não fazem nenhum dano, antes boa companhia, e quem acerta de ter um escravo goianá não espera dele nenhum serviço, porque é gente folgazã de