Tratado descritivo do Brasil em 1587

ordenou de a tomar à sua conta para a fazer povoar, como meio e coração de toda esta costa, e ajudar e socorrer todas as mais capitanias e povoações dela como a membros seus; e pondo S. Alteza em efeito esta determinação tão acertada, mandou fazer prestes uma armada e provê-la de todo o necessário para esta empresa, em a qual mandou embarcar Thome de Sousa do seu conselho, e o elegeu para edificar esta nova cidade, de que o fez capitão, e governador-geral de todo o Estado do Brasil; ao qual deu grande alçada e poderes em seu regimento, com que quebrou as doações aos capitães proprietários por terem demasiada alçada, assim no crime como no cível: de que se eles agravaram à S. Alteza, que no caso os não proveu, entendendo convir a si a seu serviço. E como a dita armada esteve prestes, partiu Thomé de Sousa do porto de Lisboa aos 2 dias de Fevereiro de 1549 anos; e levando próspero vento chegou à baía de Todos os Santos, para onde levava sua derrota, aos 29 dias de Março do dito ano, e desembarcou no porto de Vila Velha, povoação que Francisco Pereira edificou, onde pôs mil homens, convém a saber: 600 soldados e 400 degradados e alguns moradores casados, que consigo levou, e outros criados d'El-Rei que iam providos de cargos, que pelo tempo em diante serviram.



CAPÍTULO II: Em que se contém quem foi Thomé de Sousa e de suas qualidades.



Thomé de Sousa foi um fidalgo honrado, ainda que bastardo, homem avisado, prudente e mui experimentado