Tratados da terra e gente do Brasil

pela Exposição de História e Geografia do Brasil, organizada pela Biblioteca Nacional.

Este tratado dos índios do Brasil suscita algumas questões que fora conveniente discutir. Passaremos, porém, por todas elas para nos ocuparmos unicamente de uma: quem é o seu autor?

O manuscrito da Biblioteca de Évora em nada nos esclarece a este respeito, porque é anônimo. As poucas palavras com que Purchas acompanha a tradução pouco nos adiantam. Ele atribui o opúsculo ao irmão Manuel Tristão, enfermeiro do colégio dos jesuítas da Bahia, fundando-se na circunstância do livro trazer no fim algumas receitas medicinais, e ter em uma parte escrito o seu nome. Ora, esta opinião é insustentável. O fato de um manuscrito trazer um nome qualquer, sem outra declaração, provará, quando muito, que assim se chama o dono do códice. Acresce que um irmão na Companhia de Jesus era sempre uns rapaz que começava, e não tinha nem podia ter a madurez de espírito e os conhecimentos que aqui se revelam a cada passo, – ou homem feito que, apesar de inapto para a carreira das letras, possuía outras qualidades que poderiam ser úteis à poderosa Companhia de Jesus. Provavelmente era este o caso do enfermeiro... Quanto às receitas por si nada provam: quando muito mostraram que foram ensinadas pelo enfermeiro.

Estas dúvidas quanto à afirmação de Purchas sobre quem era o autor do livro – afirmação aliás feita em termos pouco positivos – cresceram à medida que conhecemos melhor o opúsculo traduzido por ele. A cada instante encontrávamos frases e locuções familiares;

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