Tratados da terra e gente do Brasil

provincial para Procurador da Província do Brasil em Roma; regressava dessa missão, tendo embarcado em Lisboa a 24 de setembro de 1601, em uma urca flamenga chamada "San Vicente", com o padre João Madureira, que vinha por visitador, e mais 15 jesuítas, quando, mal tinha navegado três ou quatro léguas, teve vista a urca de duas naus de corsários ingleses. Levava ela 30 homens de peleja e estava bem artilhada; travado combate contra inimigo duas vezes mais poderoso, foi forçada a render-se no dia seguinte, depois de porfiada, mas inútil defesa. Eram os corsários comandados pelo capitão Francis Cook, de Dartmouth, que agasalhou com caridade os padres Madureira e Cardim: esses e mais quatro foram conduzidos à Inglaterra; os outros, que ao todo eram 11, foram desembarcados nas costas de Portugal. O padre Madureira morreu no mar, a 5 de outubro de 1601. Cardim chegou à Inglaterra e ali permaneceu até ser resgatado. Nessa ocasião foi despojado dos manuscritos que levava consigo e que chegaram depois às mãos do colecionador londrino Samuel Purchas, como em outro lugar se esclarece.

Da Inglaterra Cardim devia ter passado a Bruxelas antes de 7 de maio de 1603, porque um documento desse lugar e data, pertencente aos Schetz da capitania de São Vicente e dado à estampa por Alcebiades Furtado, nas Publicações do Archivo Nacional, v. XIV (1914), p. 18, – assinala sua estada naquela cidade, em forma pretérita: "quando estubo aca". Em 1604 tornou ao Brasil com o cargo de provincial, que exerceu até 1609, substituindo o padre Pero Rodrigues. Logo em começo de seu provincialato, informado de que os carijós estavam em boa disposição para receber a luz do Evangelho,

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