com grandes perigos, sepultura ao corpo do seu infeliz companheiro.
Passando o cargo de provincial ao padre Manuel de Lima, que viera por visitador em 1607, Cardim assumiu o de reitor, pela segunda vez, do colégio da Bahia, e de vice-provincial. Foi por essa época que chegou à cidade do Salvador aquele que devia ser mais tarde o grande apóstolo Antonio Vieira, glória da raça e padrão imperecível das letras portuguesas. Ao aportar àquela capital, criança ainda, foi acometido de muito grave doença. "O padre Fernando Cardim, da Companhia de Jesus, — escreveu André de Barros, na Vida do apostolico padre Antonio Vieira (Lisboa, 1746), p. 6 — era na Bahia de particular agrado na casa de Christovão Vieira Ravasco, e de sua mulher D. Maria de Azevedo; e como o perigoso mal com que lutavam os poucos alentos do menino Antonio os tivesse em temeroso sobressalto, o padre, ao que parece com a alma cheia de superior ilustração os assegurou, e disse: — Que não morreria o menino, porque Deus o guardava para cousas grandes, para crédito da nação portuguesa, e para honra da Companhia de Jesus. — Esta foi a voz do venerável padre Fernando Cardim (apelido que em Portugal e no Brasil nos serve de despertador de virtudes heroicas em ilustres varões). Este o foi no colégio da Bahia, onde foi o nono reitor e décimo provincial daquela província religiosíssima; nele se conserva o seu retrato, história muda, mas forte, para imitação de seus exemplos."
A uma carta de Cardim, de 1 de outubro de 1618, da Bahia, até hoje inédita, referiu-se Varnhagen, na Historia geral do Brasil, primeira edição, v. I, p. 296,