Tratados da terra e gente do Brasil

Estas cousas de ordinário faziam de si mesmos, que não é tão pouco com brasis e meninos achar-se habilidade para saberem festejar e agasalhar o Payguaçu.

Desta aldeia fomos à de São João, dali sete léguas, tornando a dar volta para o mar. É caminho de grandes campos e desertos; antes da aldeia uma grande légua vieram os índios principais, os quais revezando-se levaram o padre em uma rede, e pelo caminho ser já breve, a cada passo se revezavam para que não ficasse algum deles sem levar o padre, e não cabiam de contentes tendo aquilo por grande honra e favor. Fomos recebidos com muitas festas, etc. Ao domingo seguinte batizou o padre 30 adultos, casou na missa outros tantos em de graça e deu a comunhão a 120. Houve missa cantada, pregação com muita solenidade, e depois das festas espirituais tiveram outro jantar com os passados, e toda a tarde gastaram em suas festas.

Enquanto aqui estivemos fomos bem servidos de aves, rolas e faisões, que têm três titelas uma sobre a outra, é carne gostosa semelhante á de perdiz, mas mais sadia.

Em todas estas três aldeias há escola de ler e escrever, aonde os padres ensinam os meninos índios; e alguns mais hábeis a contar, cantar e tanger; tudo tomam bem, e há já muitos que tangem flautas, violas, cravo, oficiam missas em canto de órgão, cousas que os pais estimam muito. Estes meninos falam português, cantam à noite a doutrina pelas ruas, e encomendam as almas do purgatório.

Nas mesmas aldeias há confrarias do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora, e dos defuntos. Os mordomos

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