grande instância quisesse ir à sua aldeia e dar-lhe padres, que se queria batizar com todos os seus. Dando-lhe o padre boas esperanças que o visitaria, fizeram-lhe caminhos por matos, e serras altíssimas mais de uma légua. Quando lá fomos nos vieram receber quase duas léguas da aldeia, e para gasalhado do padre fizeram uma casa nova, mas por ser em paragem de grande perigo por causa dos contrários, o padre Luiz da Grã era de parecer que não ficássemos ali aquela noite; mas o padre visitador, para lhes agradecer a caridade da casa nova, e os não desconsolar, antes animar, dormiu ali aquela noite. Eles nos deram a cear de sua pobreza peixinhos de moquém assados, batatas, cará, mangará, e outras frutas da terra, etc., e o padre os convidou com cousas de Portugal. De noite tiveram seu solene e gracioso conselho defronte da nossa casa, tendo uma grande fogueira no meio como é costume, e juntos os velhos principais, e grandes línguas, se assentaram assim nus em uns pedaços de paus, e ali com todo o siso e maduro conselho trataram certos pontos sobre a sua estada naquele sítio, vendo a dificuldade dos matos, a comodidade do rio que tinham perto, a conjunção boa que tinham para se fazer cristãos, com outras cousas que tratavam com muita graça e gravidade, e resolveram uno ore que se fizesse tudo o que o padre ordenasse para bem de sua estada naquela terra, e puderem receber nossa santa fé. E assim como o determinaram o cumpriram, porque estando diferentes nos pareceres, o sobredito Mitaguaya com outro grande principal se ajuntaram por parecer do padre em um sítio que o padre lhes assinalou, e logo se passaram para ele, fundaram a aldeia, e têm já feita igreja. Para isto foi destinado