Em Luiz Figueira — Grammatica brasilica (Lisboa, 1687), p. 6, vem Abaré guaçu ogoatá: o padre grande passeia. – Pay, que se encontra também no texto, é outro sinônimo de padre; no Diccionario portuguez, e brasiliano citado, o padre da Companhia era pay-obuna; o de Santo Antonio pay-tucúra, etc. Pay-guaçu é o mesmo que aguaré-guaçu – Conf. Baptista Caetano – Indios do Brasil, verba abaré.
XLII – Era de uso tomarem os índios que se batizavam nomes de personalidades importantes.
Com o de Martim Affonso de Sousa dois passaram à história: Araryboia e Tibyriçá; Mem de Sá chamou-se esse de que Cardim faz menção; Vasco Fernandes, Antonio de Salema e Salvador Corrêa foram outros do Rio de Janeiro. Muitos foram os que adotaram os nomes dos portugueses que os levaram à pia batismal.
XLIII – A confissão da gente da terra, que não sabia falar língua dos padres, foi objeto de dúvida, que o padre Manuel da Nobrega, em carta da Bahia, depois de 15 de agosto de 1552, ao padre-mestre Simão, submeteu à disputa no colégio de Coimbra, pedindo o parecer dos principais letrados da universidade. No dizer de Nobrega, "parece cousa nova, e não usada em a cristandade, posto que Caiet. in summam 11ª condit., e os que alega Nau C. Frates nº 85, de penit. dest. 5ª digam que não seja obrigado". – Nobrega – Cartas do Brasil citadas, p. 140. A dúvida foi solvida pela afirmativa, porque Cardim confessava por intérprete. Esse devia prestar o juramento de sigilo sacramental.
XLIV – A frase tupi – xê rair tupã toçô de hirunamo, traduzida no texto por "filho, Deus vá contigo" – pode ser assim analisada:
xê, pronome paciente: me, mim, de mim, meu, minha;
rair, rayra, por tayra, filho, mudado o t em r na composição; tupã por Tupã, Deus;
toçô, do verbo açô ir, subjuntivo presente;
de por nde, pronome paciente: te, ti, de ti, etc;
hiruano, por yrunamo, junto com.