entre folha e folha gordura de grossura de um tostão; tiram-se-lhe lombos e ventrechas como aos atuns, e deles se faz muita e boa manteiga, e lhe tiram banhas como a porco; é peixe estimado, e de bom gosto, bem merece o nome de peixe-boi assim na formosura, como grandura; os olhos são propriamente como de boi, e por esta razão tem este nome.
Camurupig – Este peixe também é um dos reais e estimados nestas partes: a carne é toda de febras em folha, cheia de gordura e manteiga, e de bom gosto; tem muita espinha por todo o corpo e é perigoso ao comer. Tem uma barbatana no lombo que sempre traz levantada para cima, de dois, três palmos de comprimento; é peixe comprido de até 12, e 13 palmos, e de boa grossura, e tem bem que fazer dois homens em levantar alguns deles; tomam-se com arpões; há muitos, e faz-se deles muita manteiga.
Peixe selvagem – Este peixe selvagem, aqui os índios chamam pirambá, sc. peixe que ronca; a razão é porque onde andam logo se ouvem roncar, são de boa grandura até oito e nove palmos; a carne é de bom gosto, e são estimados; têm na boca duas pedras de largura de uma mão, rijas em grande extremo, com elas partem os búzios de que se sustentam; as pedras estimam os índios, e as trazem ao pescoço como joias.
Há outros muitos peixes de várias espécies que não há em Espanha, e comumente de bom gosto, e sadios. Dos de Portugal também por cá há muitos, sc. tainhas em grande multidão, e tem-se achado que a tainha fresca posta a carne dela em mordedura de cobra é outro unicórnio. Não faltam garoupas, chicarros, pargos, sargos,