gorazes, dourados, peixe-agulha, pescadas, mas são raras; sardinhas como as de Espanha se acham em alguns tempos no Rio de Janeiro, e mais partes do Sul; sibas, e arraias; estas arraias algumas delas têm na boca dois ossos tão rijos que quebram os búzios com eles.
Todo este peixe é sadio cá nestas partes que se come sobre leite, e sobre carne, e toda uma quaresma, e de ordinário sem azeite nem vinagre, e não causa sarna nem outras enfermidades como na Europa, antes se dá aos enfermos de cama, ainda que tenham, ou estejam muito no cabo.
Baleia – Por esta costa ser cheia de muitas baías, enseadas e esteiros acodem grande multidão de baleias a estes recôncavos, principalmente de maio até setembro, em que parem, e criam seus filhos, e também porque acodem ao muito tempo que nestes tempos é nestes remansos; são tantas às vezes que se veem 40, e 50 juntas, querem dizer que elas deitam o âmbar que acham no mar, e de que também se sustentam, e por isso se acha algum nesta costa; outros dizem que o mesmo mar o deita nas praias com as grandes tempestades e comumente se acha depois de alguma grande. Todos os animais comem deste âmbar, e é necessário grande diligência depois das tempestades para que o não achem comido. É muito perigoso navegar em barcos pequenos por esta costa, porque além de outros perigos, as baleias soçobram muitos, se ouvem tanger, assim se alvoroçam como se foram cavalos quando ouvem tambor, e arremetem como leões, dão muitas à costa e delas se faz muito azeite. Tem o toutiço furado, e por ele resfolegam, e juntamente botam grande soma d'água, e assim a espalham pelo ar como se fosse um chuveiro.