Tubarões – Há muitos gêneros de tubarões nesta costa: acham-se nela seis, ou sete espécies deles; é peixe muito cruel e feroz, e matam a muitas pessoas, principalmente aos que nadam. Os rios estão cheios deles, são tão cruéis que já aconteceu correr um após de um índio que ia numa jangada, e pô-lo em tanto aperto que saltando o moço em terra o tubarão saltou juntamente com ele, e cuidando que o apanhava ficou em seco onde o mataram. No mar alto onde também há muitos se tomam com laço, e arpões por serem muito gulosos, sôfregos, e amigos de carne, e são tão comilões que se lhes acham na barriga couros, pedaços de pano, camisas, e ceroulas que caem aos navegantes; andam de ordinário acompanhados de uns peixes muito galantes, formosos de várias cores que se chamam romeiros; faz-se deles muito azeite, e dos dentes usam os índios em suas flechas por serem muito agudos, cruéis, e peçonhentos, e raramente saram das feridas, ou com dificuldade.
Peixe-voador – Estes peixes são de ordinário de um palmo, ou pouco mais de comprimento; têm os olhos muito formosos, galantes de certas pinturas que lhes dão muita graça, e parecem pedras preciosas; a cabeça também é muito formosa. Têm asas como de morcegos, mas muito prateadas, são muito perseguidos dos outros peixes, e para escaparem voam em bandos como de estorninhos, ou pardais, mas não voam muito alto. Também são bons para comer, e quando voam alegram os mareantes, e muitas vezes caem dentro das naus, e entram pelas janelas dos camarotes.
Botos e Tuninhas – Destes peixes há grande multidão como em Europa.