Viagem pelo Amazonas e rio Negro

seu ponto de vista sobre a evolução do universo astral e dos sistemas solar e planetário, com a sua célebre hipótese das nebulosas; e, pela mesma época, publicou Lamarck a Filosofia zoológica(7), Nota do Prefaciador contendo uma exaustiva exposição da sua teoria do desenvolvimento progressivo dos animais e das plantas. Essa teoria, porém, granjeou poucos adeptos entre os naturalistas, não somente porque Lamarck se antecipara ao seu tempo, como também porque as causas, que ele arrolara, não pareciam idôneas a produzir as maravilhosas adaptações, que por toda parte se nos antolham no seio da natureza. Durante a primeira metade do presente século, — pelo fato de se haverem tornado então, pela primeira vez, acessíveis aos colecionadores ingleses o Brasil, a África meridional e a Austrália, — os tesouros dos três reinos da natureza foram entornados sobre nós tão rapidamente, que o número, relativamente pequeno, de naturalistas ficou completamente ocupado em descrever as novas espécies e esforçando-se por descobrir métodos certos de classificação. A necessidade de qualquer teoria geral do como as espécies vêm à existência era, então, dificilmente sentida; e havia uma impressão geral de que, a esse tempo, era insolúvel o problema, e de que nós precisaríamos de gastar, pelo menos, outros cem anos, colecionando, descrevendo e classificando, antes que adquiríssemos qualquer decisivo clarão sobre a origem dos seres vivos. O problema da evolução, todavia, preocupava sempre os pensadores mais saturados de estudos filosóficos, apesar de que os naturalistas e homens de ciência, em sua grande maioria, se conservavam absolutamente fiéis ao dogma de que cada espécie de animal ou planta era uma criação distinta, admitindo-se a produção de tais seres como totalmente desconhecida, e quase, senão completamente, impossível o imaginar-se-lhes o surto na face da terra.