As vagas ideias daqueles que estudavam propiciamente a evolução foram primeiramente expostas, em forma sistemática, com muita habilidade literária e conhecimento científico, pelo falecido Robert Chambers, no seu volume anônimo, Vestiges of the natural history of creation, aparecido em 1844(8). Nota do Prefaciador Passou ele em revista os sistemas astral e solar, adotou a hipótese das nebulosas e esboçou a história geológica do planeta humano, reconhecendo progressões contínuas das formas de vida inferiores às superiores. Depois de descrever as peculiaridades das espécies vegetais e animais inferiores, demorando-se sobre aquelas feições que pareciam indicar um processo natural de produção, em oposição a uma origem por criação particular, expôs o autor, com muita cautela, a doutrina do desenvolvimento progressivo, resultante de um impulso que foi comunicado às formas de vida, promovendo-se em linhas definitivas, por geração, através de graus de organização, e terminando nas plantas e animais superiores. A racionionalidade desse ponto de vista consolidou-se no restante do trabalho; e ficou patente como muito melhor concordava ele com os vários fenômenos da natureza e com a distribuição geográfica dos animais e das plantas, do que a ideia da criação especial de cada espécie distinta.
Infere-se desse breve esboço que não houve qualquer tentativa de mostrar como ou porquê as várias espécies de animais e plantas adquiriram os seus caracteres peculiares, mas meramente um argumento a favor da racionalidade do fato do desenvolvimento progressivo de uma espécie para outra, mediante processos ordinários de geração. O livro era o que agora qualificaríamos de moderado ao extremo. Sério e até religioso no tom, e calculado, a esse aspecto, para desarmar a censura dos teólogos mais ortodoxos, encontrou, entretanto, exatamente a mesma tempestade de aposição e de abusiva