Viagem pelo Amazonas e rio Negro

Por isso mesmo, a este respeito, o Pará está inteiramente livre de imputações que a respeito dele poderíamos formular.

Cada dia que se passa, algo de novo se nos apresenta para nossa admiração, e podemos esperar outras surpresas, mais como o invariável acompanhamento de luxuriante território situado a um grau do equador.

Ainda agora, enquanto estou a escrever, aproveitando os últimos vislumbres do crepúsculo, o morcego-vampiro está voando em redor do meu quarto, ora pousando nos caibros do telhado (as casas aqui não têm forro), ora passando perto de meus ouvidos, e a produzir com as asas um ruído espectral.

A cidade espalha-se sobre uma planície muito extensa.

As igrejas e os edifícios públicos são vistosos; mas os estragos, causados pelas intempéries, e alguns retoques extravagantes, que neles têm sido feitos, muito os têm prejudicado, afeiando-os.

Veem-se migalhas de jardim e terrenos baldios entre as casas, separados por cercas de madeira já apodrecida, os quais estão tomados por verdadeiros capinzais, vendo-se também, de permeio, algumas bananeiras.

Para um europeu, isso causará estranheza e parecerá até feio.

As ruas e praças públicas são pitorescas, quer por causa das bonitas casas e igrejas que as contornam, quer por causa das elegantes palmeiras, que, juntamente com as bananeiras, se encontram por toda parte.

Assim, elas mais parecem casas de campo do que mesmo vivendas de uma grande cidade.

Alguns caminhos estendem-se em várias direções, através de uma intrincada vegetação de cássias, arbustos de convolvuláceas, e as lindas Asclepias curassavica, de bonitas flores, cor de laranja, — plantas essas que aqui tomam o lugar dos caniços, baldanas e ortigas da Inglaterra.