Viagem pelo Amazonas e rio Negro

É o efeito geral que faz logo grande impressão e prende toda a atenção: as belezas estão todas diante de vós, não carecem de ser procuradas.

Com um distrito ou um país, o caso é muito diferente. Há objetos de particular interesse, que devem ser procurados, observados e apreciados em seguida.

Os encantos de um distrito aumentam à proporção que várias partes vêm surgindo, sucessivamente, em proporção também com a nossa educação, com os nossos hábitos, para podermos compreendê-los e admirá-los.

Este é, particularmente, o caso dos países tropicais.

Sem dúvida que algumas destas regiões poderão de pronto impressionar, como inteiramente inigualadas; mas, na maioria dos casos, somente depois que umas tantas particularidades, tais como os costumes do povo, as curiosas formas de vegetação e a novidade do mundo animal, apresentando-se por si mesmas, num determinado encadeamento, permitem que fixemos em nosso espírito uma impressão definitiva.

E assim, por vezes, acontece, quando certos viajantes, que amontoam em uma descrição todas as maravilhas, que eles levaram semanas e meses a observar, causam uma falsa impressão ao leitor, fazendo este experimentar muito desapontamento, quando visita o local.

Como testemunho do que isso possa significar, cumpre-me logo referir que, durante a primeira semana de nossa residência no Pará, embora constantemente embrenhado nas florestas de seus arredores, eu não vi sequer um beija-flor, um papagaio ou um macaco.

No entanto, como eu depois verifiquei, os beija-flores, os papagaios e os macacos são muito numerosos ali.

É preciso procurá-los, e, para isso, uma certa soma de familiaridade é necessária, para conhecer os seus habitats, bem como alguma prática para descobri-los na floresta, quando às vezes os pressentimos muito próximos.