represada vai baixando. É o que nos ensina o Dr. Arrojado Lisboa em sua conferência — O Problema das Secas — realizada na Biblioteca Nacional a 28 de agosto de 1913, no seguinte passo: "É conveniente lembrar aqui que nós de outros Estados dificilmente compreendemos as coisas do Nordeste. Independentemente de outras razões, a isso se opõe, por vezes, a variabilidade da significação dos próprios termos. Quando, aqui no Sul, pronunciamos a palavra açude, a imagem que se forma em nossa mente é a de um lago artificial, cheio d'água, de nível constante todo o ano e de onde invariavelmente se desvia o líquido para tocar uma roda ou moinho. Para o homem do Nordeste a palavra tem significação muito diferente que, sem explicação, ninguém no Sul será capaz de compreender. Para o sertanejo a imagem que vem à mente ao enunciar a palavra é muito outra. É justamente a oposta, a da vazante onde faz a sua cultura". (Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1913, Vol. XXXV Pág. 140). José Luiz de Castro, em artigo publicado na Revista Trimensal do Instituto do Ceará Tomo XLII-1928, faz judiciosa ponderação a respeito do que escreveu Arrojado Lisboa: "Com efeito, aqui facilmente se distingue açude de vazante: uma barragem com alguns milhões de metros cúbicos d'água a montante — o açude; e, além da água ou às suas margens, o terreno úmido e humoso deixado pelo recuo dela — a vazante. Penso, entretanto, que o Dr. A. Lisboa quis dar a sugestão, a visão psicológica, mental, que nos ocorre à simples enunciação da palavra". Vem de molde relembrar que açude é palavra de origem árabe — assode, já usada por João de Barros — "Década III, fol. 244 (Vestígios da Língua Arábica em Portugal etc. por João de Souza e José de Santo Antonio Moura Lisboa — 1830). Usa-se no Nordeste o diminutivo — açudeco — (José Américo de Almeida — A Bagaceira — Glossário).
Acurizal: bosque de acuris, espécie de palmeira basta, de pequena altura e grandes folhas, peculiar às terras de Mato Grosso. À pág. 134 das Viagens e Caçadas em Mato Grosso do Comandante Pereira da Cunha, encontramos o seguinte trecho: "Eu e o Nelson nos apeamos, e o Gomes, montado num burro, acompanhou-nos pelo acurizal a dentro para assistirmos a acuação, cujo barulho era grande".
Adjunto: termo usado em Pernambuco, Ceará e sul da Bahia, para designar a reunião de vizinhos para um trabalho comum. À pág. 67 da Terra de Sol, de Gustavo Barroso, lemos o seguinte trecho: "Nos trabalhos dos roçados, brocas, quebras, queimas, e limpas; na apanha do feijão, na quebra do milho, no desmancho da mandioca, fazem-se os adjuntos. Reúnem-se todos os vizinhos em casa daquele que precisa fazer qualquer desses serviços... E, assim, auxiliando-se mutuamente, vencem todas