Dicionário da terra e da gente do Brasil

vegetando ao lado do grande produtor fazendeiro". Teschauer, citando Saint-Hilaire e Alberto Rangel, informa que, em Minas Gerais, "agregados eram os homens que o rei queria favorecer, e que andavam no exército pagos como os oficiais, sem pertencerem a um regimento". Ainda hoje, na linguagem militar, é comum o uso do termo agregados para designar oficiais que excedem do quadro normal das diferentes armas de que se compõe o exército (infantaria, cavalaria, artilharia e engenharia). No sertão de Ituaçu e Brumado (Bahia) agregado é chamado camarada — trabalhador de roça.

Agreste: nome de uma das zonas geográficas em que se dividem os Estados brasileiros do Nordeste, entre a costa e o sertão, em geral de solo pedregoso e de vegetação baixa, de pequeno porte. Candido de Figueiredo regista o termo como brasileirismo e, segundo o parecer de M. Soares, significa litoral, por oposição ao sertão, o que é evidentemente engano. Em quase todos os trabalhos corográficos a respeito do Nordeste encontramos a palavra agreste designativa da região que, para o interior, sucede à da costa. Tavares de Lyra, em seu minudente estudo sobre o Rio Grande do Norte (no Dic. Hist. Geog. e Etnog. do Brasil, comemorativo do Primeiro Centenário da Independência), ao fazer o resumo do aspecto físico do Estado, diz: "Em resumo: há a zona do litoral, baixa e arenosa; a do agreste cheia de vales frescos, essencialmente agrícola; a dos taboleiros áridos que a separam das catingas já agricultáveis e criadoras, e que se estendem ao alto sertão acidentado, recortado de serras..." E o grande Euclides da Cunha, tracejando o quadro empolgante do interior da Bahia, escreveu: "Varada a estreita faixa de cerrados, que perlongam aquele último rio (o rio Jacurici) está-se em pleno agreste, no dizer expressivo dos matutos: arbúsculos quase sem pega sobre a terra escassa, enredados de esgalhos de onde irrompem, isolados, cereus rígidos e silentes, dando ao conjunto a aparência de uma margem de deserto". (Os Sertões. 2.ª ed. 1903. Pág. 13). Philipp von Luetzelburg, tratando da vegetação xerófila do Nordeste, estuda minudentemente os agrestes e diz: "A expansão no Nordeste é geral; a maior área acha-se no norte do Estado do Piauí. Os agrestes diferem das vegetações restantes do Nordeste semiárido pelo seu hábito e o seu habitat. Cobertos no solo de relva e palmeiras rasteiras, raramente se encontram arbustos xerófilos e cactáceas, e permitem fácil trânsito. O solo é geralmente pedregoso, duro ou arenoso. Húmus não existe de espécie alguma". Este eminente botânico apresenta também no vol. III do seu trabalho uma lista dos "componentes dos agrestes, típicos, da vegetação semiárida do Nordeste" (Estudo Botânico do Nordeste. Vol. 3.º Pág. 25).

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