Dicionário da terra e da gente do Brasil

as terras americanas, terem chegado a regiões próximas das Índias, que tanto buscavam. Desde o século XVI vulgarizou-se a errônea denominação que passou os anos dominante. Por isso mesmo é lapidar o que escreveu à pág. 240 do Descobrimento do Brasil (1929), o sábio mestre Capistrano de Abreu, de referência aos selvagens do Brasil: "Nem uma designação geral os compreendia: os estrangeiros chamaram-lhes Negros, Brasis, Brasilienses e por fim Índios, último resíduo de uma ilusão milenar, reverdecida por Colombo". O vocábulo ameríndio foi logo adotado por J. W. Powell que, à qualidade de Diretor do "Bureau of Ethnology" dos Estados Unidos (1879-1902), juntava a nomeada que lhe conferiu a ousada exploração do "Great Canyon" do Rio Colorado, em 1869. O neologismo foi aceito por vários etnólogos em 1898, em Washington e, dia a dia, o seu uso se vai espalhando em toda a América. Já o registaram o Novo Dicionário Nacional de Carlos Teschauer e o Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Candido de Figueiredo (4. edição). João Ribeiro, filólogo e historiador, à pág. 1 do Índice de Coisas, apenso ao seu volume A Língua Nacional, escreveu que os etnógrafos o propuseram para evitar o equívoco dos índios da Índia com os da América. E no seu "Registro Literário", publicado no Jornal do Brasil, de 17 de fevereiro de 1932, fazendo a crítica de certo livro, escreveu: "Não há leitura mais interessante que a dessa monografia acerca dos ameríndios, segundo a expressão condenada já, mas muito expressiva, do selvagem da América". Afigura-se-nos bem achada a palavra, cuja formação é análoga às seguintes: eurasiano, eurasiático, eurafricano. Entretanto, Henrique Hurley, competente indianólogo brasileiro, afirma que os vocábulos índio e ameríndio não têm expressão glotoetnológica com referência aos selvagens americanos, propondo a palavra ameraba para designá-los. Também já foi proposto o vocábulo — ameríncola — habitante da América. Oliveira Vianna adota largamente o vocábulo ameríndio em seu livro Raça e Assimilação, Rio, 1932. (Vide ameraba, amerígena).

Andares: há rios da Amazônia, o Purus por exemplo, que, na estiagem, baixam dez, 20 e mais metros do nível da enchente, deixando a descoberto nas margens extensos areais ou praias em forma de anfiteatro, verdadeiros andares, onde vão desovar as tartarugas. Soubemo-lo através de informação do Dr. Arnaldo Pimenta da Cunha, auxiliar técnico da "Comissão" que, sob a chefia de Euclides da Cunha, explorou o rio Purus até as cabeceiras. A formação é mais um dos caprichos da hidrologia amazônica.

Andirobal: termo muito de uso no Norte do Brasil, designativo de bosque de andirobeiras ou andirobas. À pág. 268 do 2. vol. do Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico do

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