Dicionário da terra e da gente do Brasil

pedaços que formam verdadeiras ilhas flutuantes, com vegetação das mencionadas palmeiras, e ficam a boiar sobre as águas, à mercê do vento". Pereira do Lago no Itinerário da Província do Maranhão (1820) refere-se a estas ilhas flutuantes e assim outros escritores.

Aterroada: também torroada, terroada; termo da Amazônia, que apelida pequenas elevações nos campos altos produzidas pelas minhocas, por cupins ou formigas. Também designa depressões amiudadas nos terrenos baixos e atolentos, impressas pelas patas do gado durante o começo e fim do inverno. Regista-o V. Chermont. A. J. de Sampaio em seu trabalho Nomes vulgares de Plantas da Amazônia (1934) define: "baixada com montículos de terra; minhocal em Mato Grosso. E à pág. 46 da 2.ª Ed. de Puçanga de Peregrino Júnior, lemos: "O burrinho esquipando devorava a estrada encalombada de terroadas que ia do barracão "Boa Esperança" à casa humilde de Antonio Cardoso".

Atoledo: brasileirismo do Sul, já registado por Candido de Figueiredo (4.ª edição). O mesmo que atoleiro. "Passamos um atoledo murcho, esboroando os bordos dos rastros, estorroados e rijos" (Raul Bopp — Como se vai de São Paulo a Curitiba — Na Feira Literária de março de 1928 — Pág. 26).

Atravessadeiro: vimo-lo registado por A. Taunay num artigo publicado no Correio Paulistano de 30-11-928, com a significação de atalho de caminho. É usado em Santa Catarina.

Atravessador: citado por Araujo Lima no seu notável livro Amazônia. A terra e o homem, págs. 120 e 121, com a significação de intermediário a quem o pequeno agricultor da Amazônia vende o produto do seu trabalho, sendo explorado.

Aturiazal: dicionarizado por V. Chermont, como termo de uso no Pará, que designa terreno onde abundam os aturiás (Drepanocarpus lunatus), arbusto espinhoso dos terrenos aluviais, algo atolentos e meio alagados.

Aviado: na Amazônia, informa Mario Guedes (Os Seringais), "é um homem que trabalha com pessoal seu, em um seringal que lhe não pertence. Acontece isso quando um patrão ou proprietário possui um seringal bastante grande. Nesse caso concede uma fração do mesmo a outrem, que trabalha por conta própria: é o que se chama aviado. Chama-se aviado, porque o patrão é quem lhe fornece a mercadoria necessária ao fabrico, tirando de semelhante transação a sua boa percentagem. É, como se vê, uma espécie de feudatário. O patrão diz-se também aviado pela casa aviadora, de onde se supre de mercadorias". Candido de Figueiredo (Novo Dic. 4.ª ed.) diz que aviado é negociante por conta alheia, mascate, que, por conta dos negociantes da costa vai fazer negócio no sertão, informando

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