Dicionário da terra e da gente do Brasil

Bagerê: termo usado na região diamantina do Rio das Garças, em Mato Grosso, no sentido de informação de diamantes. Registado por Affonso Taunay na sua Coletânea de Falhas, publicada na Revista de Língua Portuguesa, N. 45, janeiro de 1927.

Baía: tem esta palavra uma dupla significação especial em Mato Grosso, designando primeiro qualquer lago ou lagoa que é formada pelos rios ao longo de suas margens, e que, por meio de um canal chamado corixa, entretém com eles efetiva comunicação. São, de fato, diz Fernando Raja Gabaglia, nas Fronteiras do Brasil, pág. 317, baías do antigo mediterrâneo sul-americano. Citaremos, como exemplos, as baías (lagoas) Negra, Mandioré, Cáceres etc. Augusto Leverger (Roteiro da Navegação do Rio Paraguai, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Vol. 25, 1862), informa que o nome de baías designa "canais naturais que servem de escoantes aos campos e pântanos, e por onde às vezes se derramam pelos mesmos campos as entumecidas águas do rio; segundo as depressões do terreno, formam lagos mais ou menos consideráveis ou encanam-se como rios, dos quais se distinguem por não terem correnteza, senão ocasionalmente".

Baiano: além de nomear os filhos do Estado da Bahia, o mesmo que baiense, hoje pouco usado, mas frequente no tempo da Independência, o substantivo baiano tem, no Brasil, acepção vária. No Piauí, diz Beaurepaire-Rohan, é sinônimo de caipira, tabaréu, e acrescenta: "É provável que se dê esse nome aos habitantes do campo, por serem considerados descendentes daqueles naturais da Bahia, que, depois da descoberta do território do Piauí, primeiro se estabeleceram nele, e ali fundaram fazendas de criação". Abdias Neves, à pág. 29 de seu livro Aspectos do Piauí, escreve: "No Sul, todo nortista é baiano; no Piauí, até pouco tempo, era baiano todo sertanejo estranho à terra". No Rio Grande do Sul, segundo lemos em Callage e Romaguera, designa o indivíduo que monta mal o cavalo, porque os filhos do Norte, especialmente os da Bahia, não sabem montar à gaúcha. E Afrânio Peixoto escreve à pág. 152 do seu livro Razões do Coração — "baianos são todos os brasileiros, todos os homens da terra que não montam o cavalo, como o gaúcho". Romaguera ainda regista outra acepção em que, no Rio Grande do Sul, é empregada a palavra baiano: a de soldado de infantaria, embora seja rio-grandense, isso porque houve tempo em que a maioria dos batalhões de infantaria eram constituídos de filhos da Bahia. Ainda mais: escreveu Antonio Toledo, em seu volume, Sombras que vivem (São Paulo, 1923), que por muito tempo o nome baiano significou o habitante do Norte, lembrando o caso paralelo de nos dias que correm, na Amazônia, chamar-se cearense todo o indivíduo do Centro-Norte que para lá vai. Antonio Lopes, do Maranhão, escreveu-nos: "Nas feiras de gado do Maranhão — baiano é todo o

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