Dicionário da terra e da gente do Brasil

Balateiro: assim se designam na Amazônia os que se entregam à extração da balata. É a balata um produto relativamente novo no comércio do Amazonas, como diz o Prof. Agnello Bittencourt em sua Corografia do Estado do Amazonas, publicada em 1925, da qual extraímos os seguintes informes: "A árvore da balata pertence à família das sapotáceas, de muitas espécies, conhecida também pelo nome de maçaranduba (Mimusops excelsa). Atinge a cerca de 25 metros de altura e um de diâmetro. Seu habitat é nos terrenos enxutos e pedregosos, tratando-se da espécie que fornece a guta da melhor qualidade. É dessa árvore gigantesca que se extrai o látex de que se fabrica a balata. O extrator golpeia-lhe o tronco, até a altura dos galhos, empregando para isso um processo especial. Geralmente, depois desse trabalho, a árvore, esgotada, morre. É um processo danoso para o futuro da região. A balata é uma riqueza que tende a desaparecer, se os poderes públicos não intervierem, para o evitar". À pág. 126 da Amazônia que eu vi de Gastão Cruls, lemos o seguinte trecho: "Cenobilino, antigo balateiro, foi chamado à prova e, sangrando uma das árvores, imediatamente atestou a excelência do látex que porejava à superfície dos cortes, como um leite muito branco e grosso. Qual coquerana nada! Esta é da boa, da mansa, — dizia ele, ensaiando entre os dedos a consistência do látex. A brava, vermelha (referia-se à maçaranduba) também não fica assim. E, depois de conseguir uma pequena bola com a seiva já coagulada, levou-a à boca e partiu-a entre os dentes, outro sinal distintivo da Mimusops, pois que a maçaranduba, quando sofre a mesma operação, sem jamais quebrar-se, conserva apenas, à sua superfície, a marca dos dentes, tal como acontece com os chicletes".

Balcedo: termo da Amazônia, naturalmente derivado de balça, vocábulo português que significa matagal ou terreno inculto, onde crescem arbustos espinhosos (Candido de Figueiredo 4. ed.). Balcedo é, no Pará, segundo Vicente Chermont, terreno alagadiço nos campos marajoaras, onde as plantas altas e sarmentosas dificultam o trânsito. Dele deriva o adjetivo balcedoso, no sentido de apaulado, atoladiço. Alguns escrevem balsedo:

"Por trás das franjas veludosas do balsedo,

As meigas algas

Amorosas,

Langorosas,

Fazem crer

Que são virgens encantadas

Por bruxedo

Dos pajés"

(Francisco Pereira Poemas Amazônicos Pág. 110).

Dicionário da terra e da gente do Brasil - Página 51 - Thumb Visualização
Formato
Texto