tremedais, isto é, aqueles lugares lamacentos escondidos atrás de orlas de matos fechados. Amiúde andam por ali gado e animais que vivem pastando em liberdade e não é raro alguns atolarem-se no lamaçal. O réptil, que de longe os observa, deixa-os avançar para, de repente, lançar-se sobre eles e derrubá-los. Sem demora começa a enrolar-se na vítima, quebra-lhe os ossos, esmaga-lhe as carnes, tudo inunda de baba, reduz a sua presa a uma massa sem nome, para, enfim, a engolir lentamente.
Se a deglutição é vagarosa, mais demorada ainda é a digestão. É dessas duas operações que se aproveitam os vaqueiros para exterminar o sucuriú, incapaz de opor, naquela hora, qualquer resistência. Do sucuriú os sertanejos utilizam a banha, considerada remédio eficaz nas afecções reumáticas. Não sabem, porém, aproveitar a pele. Assim, perdem-se couros magníficos de oito e dez metros de comprimento e quase meio metro de largura.
Venhamos, agora, a outras, caças de grande porte.
Os cervos e os veados são muito perseguidos pelos sertanejos, por causa dos couros de grande serventia e de fácil proveito. O cervo chamado "suçuapara", do tamanho de um grande jumento, tem forma elegante e aspecto majestoso, graças aos imensos galhos ou armas que lhe ornam a cabeça. Encontra-se ainda, com frequência, nas solidões dos lagos, das várzeas e dos "baixões" verdejantes, ao longo dos grandes rios. Muito arisco, apenas avista o viajante ou percebe as pancadas dos remos na água, desaparece em vertiginoso galope.
É por isso custoso obter-lhe a preciosa pele e a armação que lhe enfeita a soberba cabeça. Bem curtido, o couro do suçuapara transforma-se, em mãos de alfaiates especializados do sertão, em chapéus, gibões, perneiras, chinelos e bolsas. Tem a vantagem de ser quase impermeável e resistente aos espinhos dos matos e cerrados, por onde todos os dias correm os vaqueiros.
A necessidade geral das peles de veados obriga os sertanejos a caçar sem piedade esses graciosos animais. Contudo, são ainda numerosos, sobretudo nas vastas campinas descobertas. Aconteceu-nos, viajando por certos recantos mais solitários da região do Araguaia, avistar de bem perto grandes "manadas" de veados a pastarem em torno de lagoas. Não é raro vê-los misturados com o gado e animais de algum sítio perdido no fundo do sertão.
Todos os veados, sejam mateiros, galheiros ou catingueiros fornecem, além de carne delicada e gostosa, peles finas que