CAPÍTULO II
AS CAÇADAS
(Continuação)
AS CAÇAS MIÚDAS — AS AVES — AS DIVERSAS ARMADILHAS
DEPOIS do que relatamos a respeito de algumas caças de grande porte, temos de falar das caças miúdas. Enumerá-las de modo completo seria difícil, embora despertem o interesse dos caçadores do sertão. Temos de limitar-nos, indicando apenas as que, no momento, nos vêm à memória; contudo, essa rápida resenha dará uma ideia da riqueza da fauna brasileira. Será, também, uma prova de fartura alimentícia de que pode gozar qualquer caboclo esperto e ativo.
Damos, aqui, o lugar de honra à paca, pela fineza de sua carne e especial sabor do seu toucinho. Esse gracioso mamífero vive nos matos e encontra-se com frequência perto dos sítios habitados. Alimenta-se exclusivamente de frutinhas perfumadas das florestas e prende-se amiúde nas diversas armadilhas de que mais adiante falaremos.
Pouco menor do que a paca, mas não menos gostosa, é a cutia, gentil roedor, do tamanho de um coelho. Seu courinho amarelo e quase dourado é utilizado, como o da paca, na confecção de lindas bolsas e calçados femininos.
Os coelhos selvagens, menores do que os domésticos, apanham-se com facilidade nos matinhos. Outros roedores comestíveis são as preás, semelhantes a enormes ratos. Pegam-se, não só nos campos, mas até nos terreiros de casas, sobretudo em torno dos cupins onde gostam de aninhar-se.
Os macacos aparecem em turmas nos matos e nas capoeiras. Das numerosas espécies somente a guariba é apreciada como alimento, sobretudo pelos garimpeiros das regiões amazônicas. As demais não interessam os caçadores e seus estragos nas plantações obrigam os sertanejos a combatê-las com frequência.