anda no chão, ciscando no escuro do mato. Basta o caçador escondido repetir o mesmo gemido, aliás, de fácil imitação, e o mutum aproxima-se para cair baleado.

Além do mutum ordinário, existe nas regiões amazônicas o mutum "castanha", assim chamado por causa da excrescência córnea na parte superior do bico. Um e outro, de igual tamanho, e de carne excelente, amansam-se facilmente em casa, sobretudo se nascerem de ovos apanhados no ninho e chocados pelas galinhas ou patas do terreiro. São tão numerosos, em certas matas do Araguaia, que chegam a imitar um trovão longínquo, quando começam a emitir os seus gemidos surdos e multiplicados pelos ecos, no silêncio das noites tropicais.

Superior em gosto e fineza é o jacu, outro galináceo do gênero penélope e representado por várias espécies: o jacu verdadeiro, o jacubi e o jacupemba, estes do tamanho de um frango, aquele do tamanho de um peru. Vivem a catar frutas caídas ao chão; mas apenas avistam ou escutam alguém, voam pesadamente, conseguindo, todavia, esconder-se no alto das árvores, de onde lançam um grito rouco e repetido que ajuda a localizá-los.

As perdizes aparecem em grande número, nas matas densas e escuras, e nas campinas descobertas; todas são procuradas pela delicadeza de sua carne. Além da perdiz comum dos campos, que o viajante vê levantar-se, de repente, de dentro das moitas de capim e quase no momento de ser alcançada pelos pés do transeunte, notemos entre outras a jaó, a graciosa inhambu do tamanho do pombo doméstico, a azulona, do porte de uma galinha. Essa é a mais cobiçada pelos amadores de caça; talvez por ser a mais difícil de atingir. Caminha sozinha no escuro da floresta, lançando a intervalos certos, longo assobio melancólico. Custoso é sempre, avistá-la através dos galhos e matos trançados, mesmo imitando o seu grito. Matar uma azulona é por isso verdadeira proeza que poucos realizam.

As pombas são de todas as cores e tamanhos, desde a pequena juriti até a pomba-do-mato. Cada espécie com seu arrulho particular, todas entretanto muito ariscas. Ao notarem o mais leve barulho, deixam seus esconderijos, já inacessíveis, para irem pousar nas mais altas árvores. Algumas delas frequentam as praias, onde, pela tardinha, ciscam na areia. Andam tão bem agrupadas que, com um cartucho de chumbo fino, o viajante obtém pombas para abundante e delicioso jantar.

Contam-se os psitacídeos entre as aves mais numerosas que pululam no sertão. Encontramo-los de todos os tamanhos e variedades