A armadilha consta de uma espingarda ou garrucha que se coloca numa estrada por onde transitam, cada dia, animais selvagens, e disposta de tal modo que possa disparar quando um animal passar pela sua frente. Sabem todos que os bichos do mato, aves ou mamíferos, grandes ou miúdos, têm suas sendas bem determinadas, pelas quais vão e voltam numa marcha quase automática. O primeiro cuidado é, portanto, notar exatamente o caminho, assinalado, aliás, de modo certo, pelos rastos fundos ou leves da caça. Em seguida, coloca-se a arma de um lado do trilho, em tais condições de direção e altura que o cano esteja ao nível do peito do bicho que passa por perto. Levanta-se, então, o gatilho e neste amarra-se um fio de arame ou uma cordinha que fica estendida no chão, atravessa a estrada, dissimulada debaixo de folhas, e vai fixada em qualquer apoio do lado oposto. A armadilha está pronta e o caçador pode afastar-se, voltar para casa ou para a sua roça. De tardinha, ou mais comumente, à noite, o bicho, conforme o costume, tornará a passar por ali, desprevenido, e infalivelmente tropeçará no cordão escondido debaixo das folhas. Este simples choque, por leve que seja, será bastante para fazer disparar contra ele a arma mortífera.
Com este sistema tão pouco complicado nunca é frustrado o sertanejo. O tatu rasteiro, a cutia delgada, até o veado e a anta, tudo quanto passa na frente da arma, cai fulminado. Inútil falar da alegre emoção causada pelo disparo, ao anoitecer, e a pressa sobretudo dos jovens caçadores em ir apanhar a vítima, antes que a mesma seja devorada ou danificada por outros bichos da floresta. O único inconveniente das armadilhas está no perigo de serem vitimadas por elas pessoas ou animais domésticos ao passarem, casualmente, pelo ponto perigoso. Infelizmente tem isto acontecido apesar de todas as precauções necessárias.
O sistema do fojo é menos complicado ainda; empregam-no ao tratar-se de bichos de maior tamanho: veados, capivaras, antas e onças. Consiste numa cova funda, mas estreita, aberta num ponto da estrada ordinária do bicho. Cobrem-na de raminhos folhudos e depositam, bem visível, em cima, uma isca apetitosa. Basta a caça pisar distraída nas folhas e cai logo no fundo, onde permanecerá sem jeito de fugir, até à chegada do caçador. Uma das vantagens do fojo está, portanto, na possibilidade de obter-se o animal vivo, para criá-lo ou amansá-lo em casa.
Empregam-se outros sistemas mais fáceis ainda para pegar aves e animais; são os alçapões, as arapucas e os laços inventados