a perguntas, aliás, mal formuladas e mal percebidas por caboclos e índios. Além disso, generalizaram por demais, em seus relatórios, males e defeitos. Não souberam, enfim, simpatizar com seus rudes patrícios, neles vendo apenas atrasos e misérias, chegando mesmo a ridicularizar tradições dignas, pelo menos, de respeito.
Falamos baseados em casos por nós presenciados, e poderíamos citar, aqui, nomes de indivíduos, de grupos e até de comissões oficiais... O pior é que nos deixaram bom número de produções de literatura turística, pejada de erros, preconceitos, críticas injustas, calúnias, caçoadas de mau gosto e pilhérias inconvenientes. Lembramo-nos, aqui, da infame calúnia proferida pelo paulista do Roncador contra o saudoso bispo missionário do Araguaia. Poderíamos acrescentar as ridículas elucubrações recentes em torno da pretensa descoberta dos restos de Fawcett.
Concluiremos esta introdução localizando com cuidado o presente estudo. Os sertanejos a que nos referimos e que chamamos "nossos" não são os sertanejos em geral, e sim aqueles que vivem nas zonas centrais, tão mal conhecidas, banhadas pelos Rios Tocantins, Araguaia, Xingu e seus numerosos afluentes. Era indispensável esta indicação para justificar, de início, a nota geralmente otimista destas páginas e para prevenir os possíveis protestos daqueles que pretendem pensar e falar baseados nas descrições um tanto acerbas de Euclides da Cunha, nas narrativas injustas de Monteiro Lobato, nos relatórios pessimistas de certas comissões oficiais.
Se não podemos dizer nada de certo de muitos sertanejos do Brasil, estamos em condições de afirmar que os sertanejos que chamamos "nossos", não vegetam em recantos desolados, onde crescem apenas mandacarus, rasga-gibões e xiquexiques. Não são vítimas de secas periódicas que aniquilam criações, inutilizam lavouras e obrigam-nos a expatriar-se à procura do "Inferno Verde". Não estão sujeitos à lamentável necessidade de disputar ao gado e outros animais a água escassa das cacimbas. Não pensem os leitores que nossa gente do interior seja a massa de retirantes que temos visto, com compaixão, desembarcar nas plataformas das Estações Roosevelt ou Pedro II, com destino aos cortiços da Pauliceia ou às favelas da Cidade Maravilhosa.
São pobres, na verdade, porém asseados; não andam esfarrapados e esfomeados. Nada lhes falta quando podem e querem trabalhar. Naquelas imensas terras devolutas onde moram, ninguém vai disputar-lhes o pedaço de chão que escolheram para