Viagem ao país dos paulistas

Ensaio sobre a ocupação da área vicentina e a formação de sua economia e de sua sociedade nos tempos coloniais

de ferro. Que sertanistas, com seus almocafres e seus carumbés, foram depois remexer as montanhas e os rios dos Cataguases e do Brasil Central à procura de ouro. Que tropeiros e comerciantes, ainda mais tarde, vieram tangendo manadas de cavalos e de burros (as muladas de flor) dos campos platinos para a Feira de Sorocaba. E que só então a lavoura da cana e a do café começaram a enriquecer os lavradores de Itu, de Campinas, do Vale do Paraíba.

Mas, como nasceram, se desenvolveram, se encadearam essas atividades todas? Talvez seja por demais ambicioso o projeto do Autor, de enquadrar todas essas fases, com suas figuras mais características, em uma narrativa que possa dar ao leitor de agora o sentido da formação colonial paulista, a medida de sua expansão territorial em cada etapa de seu desenvolvimento, os matizes de que se foi colorindo a paisagem econômica e social dessa área cujo núcleo foi a Capitania de São Vicente.

No plano por assim dizer geográfico, a motivação e os roteiros que levaram os moradores primitivos, das enseadas da costa e da úmida e cálida baixada marinha, através das brenhas da floresta da Serra do Mar, aos campos temperados de serra acima. E aos sertões do Paraíba, do Mogi Guaçu, do Tietê, do Piracicaba, do Ribeira de Iguape, das cabeceiras do Paranapanema.

Nos quadros da vida econômica, o processo que conduziu da pequena policultura e da pequena criação de subsistência, passando pelas lavras de ouro e pelo comércio de gado, à estabilização em torno da grande agricultura, exprimindo-se na estruturação da indústria açucareira e nas primeiras promessas da lavoura do café.

Sob o aspecto social e cultural, a evolução que se cumpriu a partir da absorção do bugre pela empreitada povoadora do colono de origem europeia para (com o advento da grande lavoura e do cativo negro) a elaboração de padrões mais semelhantes àqueles que já se haviam definido, em outras áreas da América Portuguesa, no decorrer do ciclo do açúcar.

Repita-se que talvez seja por demais ambicioso o projeto do Autor. Na pior das hipóteses, todavia, se revestirá este trabalho das características de um ensaio ou de uma tentativa. Será, quando menos, um rústico retrato, que sirva de esboço ou de sugestão para que outros, retomando o assunto, possam traçar uma imagem menos imperfeita e mais autêntica da remota realidade histórica da terra e da gente de São Paulo.

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